
Quando eu crescer, quero abrir uma loja de tecidos. Pra fazer patchwork de tudo o que me acontece. Pra misturar tecido floral com tecido lisinho, pra colocar um pedacinho de xadrez ao lado de uma tirinha de pois. Pra esticar bem e aconchegar muita gente sob o tecido macio. Pra costurar momentos bons e aplicar umas fitinhas de cetim sobre eles. E proteger. Queria abrir uma loja de tecidos pra passar o dia todo olhando do que o mundo pode ser feito, pode ser coberto e o que pode ser costurado pra tornar as coisas mais suaves e coloridas. Almas tristes de amigos cobertas com tecido, caixas de madeira maciça cobertas com tecido, plantas com vasos com laços de tecido, escovas de dente com cabos em tecido, copos de liquidificador com tecido aplicado, lenços desenhados para que o sofrimento não pese tanto nos olhos. Tecido pra cobrir as coisas, pra esconder as formas e amaciar as quinas. Ainda quero abrir uma loja de tecido. Para presentear todos que eu amo com pedaços de pano bonito. Pano pra guardar, enfeitar, criar, esconder e exibir. Pano de chão, de pia, pano enfeitado pra qualquer coisa. Quero muito tecido por perto. Quero cobrir o que ainda não resta, esconder sob um pano desbotado o que não deve ser visto. Espelhar-me nas pequenas flores perdidas no meio de mais outras pequenas flores para tornar a cor mais marcante. Quero costurar, amarrar pedaços, juntar trapos de coisas que já foram metros indispensáveis. Flores em alto relevo, renda aplicada, peça enfeitada. Tecidos novos, velhos, metros evidentes, cobertores de dores e sabores. Tudo ali, no quartinho dos fundos da loja de tecidos. Quando eu crescer, vou-me encontrar ali. Aparentemente bem, evidentemente feliz, enrolada em um pedaço de coisa ou pano que me faça bem.
Um comentário:
Costuro meu trapinho colorido ao seu.
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